segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um adeus

O noivo é meu melhor amigo. Eu corto a gravata dele, pedaço a pedaço, convidado por convidado. Um ou outro resmunga, um ou outro sorri. Muito barulho enquanto isso.

Mas o barulho não consegue diminuir o peso de cada um dos pedaços da gravata. Cada um é um pedaço de adeus. Adeus a longas noites discutindo sobre cinema, filosofia, videogames e mulheres. Adeus aos filmes de terror amadores, às trocas de segredos sobre desventuras amorosas.

O primeiro pedaço da gravata cai, ainda um tanto leve, e eu olho para o resto do salão. Muitos convidados. A amizade, como ela é agora, tem pelo menos uma hora de vida. Ainda esbanjo certa tranquilidade.

Os convidados vão se esgotando. Eu puxo o noivo cada vez mais rápido. A agonia aumenta. Os pedaços da gravata ficam menores, porém mais pesados. O noivo brinca comigo: "agita a galera, agita". A última brincadeira.

As mesas estão quase no fim. O peso de cada pedacinho da gravata é insuportável para mim. Mais alguns minutos antes do término da amizade em sua forma atual. Em meu cérebro eu ensaio mais uma frase de efeito, mais uma piada, minha própria versão de um adeus. Mas a noiva chama o noivo para longe, para outra obrigação, para outra vida. E, antes do fim da gravata, antes do fim da festa, antes do fim da noite, veio o fim da amizade antiga.

Acabou.

domingo, 30 de agosto de 2009

Tudo aquilo que não é legal em revistas sobre games

- Rabo preso ao bolso dos patrocinadores;
- Norma culta do idioma submetida a um massacre;
- Críticos que não são críticos de verdade;
- Análises de games que não foram totalmente dissecados;
- Opinião dos autores sobre outros assuntos que não sejam games;
- Dependência da internet; e
- Escrever o que o que o leitor QUER ler, não o que PRECISA ler (um problema presente em qualquer publicação periódica, infelizmente).

domingo, 12 de julho de 2009

Eu disse: NÃO JOGUE FORA!

Lamentavelmente, poucos compreendem o livro. Poucos vêem nele mais do que uma sopa de letrinhas jogada sobre um punhado de folhas de papel. Poucos lembram do peso e da importância daquilo que está contido em meio a tudo isso: eu e você. Nós. Nós estamos no livro.
Mais triste, no entanto, é o que acontece quando deixamos que um membro da maioria ganhe poderes sobre o manuseio do livro: todos estudamos as grandes fogueiras nazistas.
Outro exemplo é o que aconteceu bem aqui, em Novo Horizonte - SP, a cidade onde moro. A delegacia de educação e cultura do município resolveu reciclar livros para arrecadar fundos. Reciclar livros! Eu pergunto ao leitor, à leitora: livro se recicla?
Você pode reciclar o papel do livro, mas e aquilo que o livro contém, aquela história, aquela realidade, aquela sensação, aquela palavra, tudo que formou o que nós somos hoje? Está tudo ali. Reciclagem? O nome disso é assassinato. Mataram a cultura.
Não consigo expressar aqui a revolta que sinto, mas acredito que a simples notícia já revolte também o leitor e o deixe tão frustrado quanto eu fiquei quando a notícia chegou a mim. Isto é inacreditável, é estúpido, é terrível, é desumano.
Sabotaram a esperança que tinha no progresso daqui.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

As Coisas

Numa classe do Ensino Médio, pedi a meus alunos para que criassem poesias. A melhor viria para meu blog. Eis a escolhida:

As Coisas

As coisas são para a mente,
As coisas vêm da Bolívia,
Algumas até que aliviam...
As coisas são para a gente.

As coisas que a gente vivia
Têm para ateu e para crente,
Desse jeito sou vidente...
As coisas passam pela via.

Coisa, coisinha, coisera,
Vem em pó, líquido ou cera...
Faz daquilo que se esqueça.

Coisa, coisinha, coisera,
Adrenalina até na veia...
Vou aliviar minha cabeça.


Brisados: André Van Halen, Junin Piqueno e Maurilio Batista Junior

sábado, 13 de junho de 2009

Não jogue fora

Coleciono videogames já há 13 anos. O colecionador é uma pessoa esquisita, não? Dedica tempo e dinheiro em algo que não tem valor para a maioria das pessoas "normais". E, por isso, ele próprio é uma pessoa de muitíssimo valor. Vejamos: o que faz um homem que coleciona selos? Resposta: ele preserva a memória dos seus na forma de pequenos quadradinhos de papel. No futuro, quando outros virem a coleção de selos do colecionador, então já há muito falecido, terão a leitura de muitos aspectos da sociedade na qual o colecionador viveu. Os hábitos, as crenças, as lendas, os medos, tudo através de pequenas figuras em pedacinhos de papel.
Para que isso aconteça, no entanto, é necessário que a coleção sobreviva à morte do colecionador. É necessário que seus descententes, ainda que não queiram dar sequência ao hobby, preservem o que foi adquirido. Ou então que passem adiante para aqueles que demonstrarem convincente senso de preservação.
O colecionador, por sua vez, enquanto vivo, não pode virar as costas a produtos que não estejam em bom estado. Saibam disso, leitores: tudo tem conserto. Existem pessoas e pessoas com habilidade e amor suficientes para restaurar aquela nota de cinco centavos da Nicarágua que está rasgada, tirar a mancha daquele selo comemorativo ou fazer a bateria do cartucho Super Mario World voltar a salvar seus jogos.
Então, aconteça o que acontecer, não jogue fora. Dê, venda, troque, não importa o estado. Mas nunca, em hipótese alguma, jogue fora. NÃO JOGUE FORA.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cave Story


Teleportado para um universo paralelo, conheci pessoas, robôs e mimigas inesquecíveis, que marcaram, sem dúvida, para sempre. Vivi dois dias ao lado destes seres, rindo, chorando, suando, sofrendo, comemorando. Dois dias no lar deles, aquela ímpar ilha flutuante, nascente de sonhos e pesadelos.
Mas a ilha caiu. Eu a derrubei. Hmmm... Não, não fui eu. Minha consciência está limpa. Semi-limpa. Eu controlava o autor do feito. Logo, divido minha culpa. Mas meu coração partiu. Sim, partiu enquanto via a ilha despencar, porque aquilo marcava o fim. O fim da aventura. O fim dos diálogos marcantes. O fim dos encontros e dos desencontros. O fim dos gritos de sufoco e dos suspiros de alívio.
Cave Story é uma lição. Demonstra, com equilíbrio perfeito entre seus elementos, como uma narrativa deve se comportar dentro de um videogame. Como ela deve se desenvolver, se desenrolar. Como suas personagens devem ser construídas. E como o jogador deve ser nela inserido.
Temos ainda gráficos cativantes e músicas apaixonantes. E uma jogabilidade digna de fazer inveja a qualquer produtor de jogos comerciais (Cave Story é gratuito!). Faça já um favor a si mesmo: https://www.cavestory.org/download/cave-story.php.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Agradecimento

A todos aqueles que dizem que devo arrumar as coisas. A felicidade, ou melhor, a ausência dela, com a qual me dizem isso é o que mais me motiva a não arrumar nada. Bah! É até mais divertido ver até onde consigo desarrumar tudo.
Não é protesto. Eu não estou bravo. É apenas desânimo. Estou desanimado com as promessas quebradas, com a inaptidão ao raciocínio complexo e com a irregularidade dos pontos de vistas mutantes. É só um desabafo.
Mas não desisto não. Não desisto de fazer um monte de nada. O dia em que eu arrumar as tais coisas, aí sim! Tremam, pois algo estará extremamente errado comigo ou com a realidade. A mosca é oito vezes mais rápida que o homem.
Caminhando com o olhar ao chão, você vê movimento. Olhando para o céu, você vê estagnação. Mas qualquer um com um pingo de romantismo vai preferir o azul infinito. Desculpem, queridos: nasci romântico.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Preguiça

Eu tinha várias idéias para meu próximo post, mas bateu uma preguiça...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Thank you, England!


Exactly one week ago I was saying goodbye to my new British friends, Brian and Meriel. Let me explain: I was helping a friend of mine who can't speak English and had received the couple in an exchange program. I stayed at his house translating everything from English to Portuguese and from Portuguese to English.

And let me tell you, they taught me something I learned in the past, but had since forgotten: the way we must see the things around us. Everything here was new for them. The birds, the cows, the trees, the food, the culture, the coffee, everything. Their eyes looked like children's eyes, to whom a new vision always gives birth to a new smile.

Because of this teaching I thank you, Brian. I thank you, Meriel. I thank you both and Paul, and Peter, and Helen and everyone else. You're amazing. Thanks, England, for this lovely people. I will never forget them.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Filho do Cavalo Covarde

Era uma vez um pônei muito medroso. Ele não tinha coragem para andar longe dos pais. Não tinha coragem para chegar perto de rios. Não tinha coragem para saltar obstáculos. Não tinha nem sequer coragem para fazer novos amigos. Só tinha coragem para brincar com suas ferraduras, que seus pais lhe davam de presente constantemente.
Certo dia de céu ensolarado, enquanto o pônei medroso brincava com novas ferraduras, outro pônei, de idade semelhante à do pônei medroso, veio morar nas redondezas. O novo vizinho do pônei medroso era muito expansivo e, por mais que aquele resistisse, eles logo se tornaram amigos.
Muito tempo passou. A amizade se fortaleceu. Então, não mais pôneis eles eram. Tornaram-se belos cavalos. O cavalo corajoso decidiu que era hora de partir e chamou o cavalo covarde para partir com ele, a fim de descobrirem o mundo juntos, de saltarem obstáculos juntos. O cavalo covarde, no entanto, recusou. Por mais que o corajoso incentivasse, o covarde não cedia em sua decisão de recuar. Preferiu sua coleção de ferraduras. Afinal, o corajoso partiu sozinho.
Ambos se casaram, e tiveram um filho cada um. Quando já estavam velhos, voltaram a ser vizinhos, pois o cavalo corajoso voltara para viver seus últimos dias perto do amigo. O filho do cavalo covarde se encantava com as ferraduras mostradas pelo cavalo vizinho, tão diferentes daquelas que seu pai deixava ele espiar na coleção.
Certa vez, resolveu perguntar a seu pai:
_Pai, por que você não me mostra essas ferraduras mais legais em sua coleção?
E o cavalo covarde respondeu:
_Porque minha coleção não tem as mais legais.


Moral da história: o mais valioso não é adquirido, é conquistado.

Só para constar...

Pois é, a prova para professores OFA foi anulada. O que dizer? Eu tenho 22 anos de idade e de maneira alguma conseguiria mais pontos que as senhoras que dão aula desde sempre e que não pretendem abandonar suas cadeiras de professores tão cedo. Foram tais pontos a "avaliação" que substituiu a prova. Aham.
Mas o que é mais revoltante? Sou professor de inglês. Isso mesmo, meu querido aluno da rede pública. Se você está cansado de aprender o verb to be da sexta série ao terceiro colegial, acredite: também estou cansado de não fazer nada por você. Se alguém vai recorrer? Provavelmente sim. Mas o sindicato dos professores lutará com unhas e dentes pela manutenção do status quo.
Seja como for, aceito um debate com qualquer professor de língua inglesa que tenha se privilegiado com a história... Um debate em inglês, é claro.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quando cai a chuva...

A melancolia encontra um lar no coração daqueles portadores da nobreza tímida. Nos outros, a melancolia ataca o cérebro. Oh não, cérebro e coração não são a mesma coisa, caro leitor. Os pacatos têm coração, os felinos têm cérebro. E os gênios têm ambos.
Quer dizer então que o gênio é atacado duas vezes pela doce melancolia quando cai a chuva? Um, dois, contando os passos, por favor. Um de cada vez, pois um pé do gênio está no saber e o outro no estudar.
E essa melancolia, toda dona de si, lembra com o coração das águas passadas e com o cérebro pensa nas águas futuras. Mas, ora, onde fica a água presente, essa que cai? No chão, amigo. O presente é sempre um chão. Se todo rude, esbarreado, ou se todo dourado, com tijolos, é difícil saber. A resposta, só mesmo quando vier o arco-íris coveiro.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Arte na Ciência

(Porque, ao contrário do que diz o ditado, beleza fica muito bem sobre a mesa).

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz 2009!

Que a sabedoria impere, que o amor prospere e que a arte chegue às camadas menos favorecidas da população mundial com maior força e frequência.

E nem sou Mister Universo.