terça-feira, 4 de outubro de 2011

O sonho acabou...

A Tec Toy errou.

Primeiramente, o mais importante: falta de clareza. A fabricante do Zeebo errou feio ao esconder dos consumidores tudo o que ocorria nos bastidores do universo relativo ao primeiro console de videogames brasileiro. Vivemos a era da informação ou não, hein, Tec Toy? A empresa até tentava esconder as desistências das grandes produtoras, mas era tudo muito óbvio, o que fazia a situação ficar ainda mais ridícula.

Além disso, para um console produzido para as massas, os preços eram bem elitistas. R$500,00 era o preço inicial! A família que vive de salário mínimo iria deixar de comprar comida para comprar um Zeebo? As vendas do console, aproximadamente 30 mil unidades vendidas no total, nos dá a resposta: não!

E os preços dos games? R$20,00 por um game que vale R$5,00 no celular? E os desaparecimentos dos games? Oba, vou comprar um Zeebo para jogar Quake... Epa! Cadê o meu Quake??? Os jogos desapareciam da loja virtual sem prévio aviso (ou com um aviso feito através de veículo pouco abrangente).

Sem contar outro fator importantíssimo: a postura relativa ao potencial público-alvo. De início, a Tec Toy e suas parceiras anunciaram muitos clássicos - Sonic, Street Fighter, Double Dragon. Legal! Seria um console para pobres que gostam de coisas velhas (e boas)! Mas aí a empresa, com medo de transformar o console num mega-emulador, disse publicamente não para a emulação, que seria a porta de entrada para dezenas, centenas de títulos. O que acontece? Todo mundo pula fora, pois o processo de porting, adaptar um jogo para outra plataforma, é muito mais caro que o processo de emular. Por fim, muito tempo depois, alguns títulos da finada Data East acabaram aparecendo no console, todos através de emulação. E então, Tec Toy? Voltou atrás? Aí era tarde, o Zeebo já estava virando história.

Por fim, que distribuição foi essa? Onde eu poderia encontrar o console? Durante todo o período de vida do aparelho, só vi um exemplar ao vivo, numa Lojas Cem, fora da caixa, à mostra, bem empoeirado. Se a Tec Toy realmente queria vender o Zeebo, então... ela devia ter feito o Zeebo! Me espantei quando li no site UOL Games sobre a quantidade de consoles vendidos (que citei no início deste post). Eu pensei "PUTZ, A TEC TOY REALMENTE FABRICOU TUDO ISSO?" Incrível!

Só nos resta torcer para que o Zeebo não descanse em paz. Que os programadores caseiros (através do trabalho brilhante do TripleOxygen!) tragam à máquina a sobrevida dinâmica que ela merece - e infinitas alegrias àqueles que acreditaram, como eu, neste primeiro passo brazeebeiro.


P.S.: pelo lado do que deu certo, vale lembrar três coisas: jogos traduzidos, um excelentíssimo serviço de atendimento ao consumidor e... Double Dragon! Por isso, a Tec Toy ganha um beijinho depois dos tabefes.