quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A janela do ônibus

Voltava eu da Terra do Nunca, viajando de ônibus. Olhava para o céu. Não, minto. Não olhava para o céu. Olhava para a janela do ônibus e, através dela, via o céu. Mas como ficará a lembrança deste momento? Provavelmente me lembrarei sempre que olhava para o céu. A janela era tão limpa. Tão transparente.
Pedi para pararem o ônibus. A meio caminho do mundo dos que crescem, senti uma vontade de olhar para trás. Mas não consegui. Também não consegui olhar para frente. Só olhava para o céu. Ou melhor, queria olhar para o céu. Tomei minha decisão: não vou à terra dos condenados a morrer nem voltar à terra dos condenados a viverem para sempre. Vou ficar no meio do caminho, pois o céu que vejo é infinito e infinitamente azul. Sou o céu, nesse instante, olhando para o menino inquieto dentro do ônibus. Quero dizer, olhando para a janela do ônibus e vendo o menino inquieto através dela.
O céu não vive e não morre, e não está limitado a uma terra apenas. O céu abriga a todos, indiscriminadamente. É o maior ponto de ônibus já criado. Todos os ônibus passam por ele e estão parados nele. E, dentro dos ônibus, meninos inquietos.
Mas, passou-me o pensamento, e se o céu é também uma janela? E pior, não daquelas pelas quais passa a visão, mas sim daquelas que refletem ilusões? A verdade é que o céu gera a inquietação dos meninos. Para que sua grandeza, céu? Eu sei por que. Porque existem muitos ônibus. Por que a inquietação, menino? Não sei por que. Talvez porque um menino assim, dependente dos ônibus, esteja fadado a sempre ficar no meio do caminho, por causa dessa indecisão deles que os faz voltar sempre aos mesmos lugares e não lhes permite seguir novos traçados e conversar com o céu, como eu converso. Ou melhor, como eu gostaria de conversar se não houvesse uma janela nos separando.
Desanimado, desembrulhei e degustei um algodão-doce. Afinal, só nuvens habitam o céu.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Zeebo

Três palavras: PRIMEIRO VIDEOGAME BRASILEIRO!

Obviamente, não consigo segurar a emoção.















A responsável pelas minhas lágrimas de alegria é a Tec Toy (que, a propósito, foi quem me iniciou no mundo da diversão eletrônica), companhia verde-e-amarela já há 21 anos no mercado (trazendo, entre outras coisas, produtos da japonesa Sega pra cá).
As parceiras são nomes de peso: Capcom, EA, a própria Sega, Glu, Namco, entre outras. A Tec Toy também está fazendo jogos para a máquina, que não utiliza mídia física. Os games serão adquiridos via download.
Se o Zeebo for um sucesso, vai finalmente colocar o Brasil entre os países onde a comercialização de consoles é uma possibilidade lucrativa (lembrando que a Sony também está vindo com seu Playstation 2) e, ainda mais, vai criar um ambiente que favorece a produção de games por aqui.

Éééé do Brasil-sil-sil!

domingo, 9 de novembro de 2008

Pão com Geléia

Dois lados: um leve e um pesado, um forte e um fraco. A face mais forte é a que sempre vai de encontro ao chão. Não é poético? Não é real? O lado fraco se salva, o forte vai para o lixo. E ninguém verá proveito para ele. Algo mudou com o sacrifício do forte? Sujeira. Isso é que se fez: sujeira. O fraco será possivelmente reaproveitado. O forte é só uma mancha no chão.


Mas uma bendita duma mancha que não sai fácil.