Há um ano, meu amiguinho Fred, dono do abraço mais gostoso do mundo, partiu e me deixou com saudades infinitas. Em memória dele, escolhi para este post algumas frases que ele gostava de ouvir. Elas não estão escritas conforme as regras da norma culta, mas sim representando exatamente os sons que eu produzia:
- A lalanjinha, Peto. Balalanjinha. Alá. Ah-lá! Alá a lalanjinha, Peto! - (para caçar laranjas).
- Dá po Mateus já! Dá-qui! Dá-qui já! Dá po Mateus! - (para devolver as laranjas).
- Ó o bicho! Alá o bicho! Ahh-lá! - (para caçar lagartixas).
- Que á-guinha, Peto? Que á-guinha? Qué? Toma tudo, Peto. Toma tudo. - (para beber água na torneira do quintal, que ele tentava abrir com a boca).
- Vamo passeá? Vamo? - (para passear).
- Papa tudo, Peto. Papa tudo! - (para comer).
- Chama a mamãe, chama. Chama. Alá a mamãe. Alá. - (para chamar a mãe de manhã, pela janela do quarto dela, chorando).
- IIIeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiita!!!! - (para vir correndo em minha direção, pulando... Ele sempre corria pulando...) - Pula, pula, Peto. Pula, pula.
- Dá abaço, Peto. Dá abaço. - (para eu ganhar aquele abraço que me deixava com os mais queridos arranhões e a cabeça canina mais pintada que já existiu sobre meu ombro).
Ele era um nenê. Nenê dálmata. Que me ensinou, com o pai biológico dele, mais do que qualquer filósofo, religioso, artista ou cientista. Que mudou minha cabeça para sempre, demonstrando que as coisas ditas grandes não passam de vaidade. Estudo, sucesso, fama, dinheiro, posteridade. Mentiras. Das que valem bem menos que um abraço cheio de terra. Aliás, mesmo que fossem verdades valeriam menos. Quase tudo vale menos. Meu amigo vai me acompanhar para sempre. Fred, você sempre estará no meu presente.