O relógio faz barulho. Tique, taque, tique, taque, tique, TAque, TIque, TAque, TIque, TAque, TIQUE, TAQUE, TIQUE, TAQUE, TIQUE... A cabeça está pesada. Nada tem graça. Ler um livro? Falta concentração. Ver um filme? Demorado demais. Escutar música? O som do relógio já é suficientemente enlouquecedor. Olhar para ele é pior. As horas passam rápido o suficiente para que o tempo seja todo desperdício, mas devagar o suficiente para que o momento aguardado não chegue. As mesmas frases, os mesmos memorandos, são repetidas inúmeras vezes, escondidas na cabeça ansiosa. Destruidoras, destruindo a cabeça ansiosa. Destruindo o corpo ansioso, que não responde. Não se mexe. O peito fica pesado, a respiração irregular: tédio!
Há pessoas que morrem de doenças do coração. Outras, de doenças respiratórias. Outras, de doenças cujos nomes causam medo. Mas poucas mortes - talvez nenhuma - são tão assustadoras quanto a vida da pessoa ansiosa. Vida difícil, onde cada pequena ação, tão simples aos olhares alheios, é uma vitória homérica. E cada vitória a certeza de que a próxima vez não será tão fácil, pois a ansiedade vai piorar. Sempre piora. Só piora.
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