O Sherlock que nasceu no meu quarto, atrás da minha cama. O Sherlock que era o queridinho da sua mamãe biológica. O Sherlock que abria as portas com a patinha. O Sherlock que fazia fila para o banheiro. O Sherlock que andava a cidade inteira. O Sherlock que esperava a Julie em cada esquina. O Sherlock que latiu para a vaquinha. O Sherlock que raspava as paredes para deitar na poeira. O Sherlock que chamava para passear esfregando sua bundona no banco do computador: - A bundona! O Sherlock que latia para ir pra varanda, que latia para voltar da varanda. O Sherlock que era colírio para os olhos da garotada. O Sherlock que foi fiel escudeiro da sua mamãe adotiva. O Sherlock que comia a ração ruim quando me via. O Sherlock que disputava com o Eduardo a atenção na hora da brincadeira. O Sherlock que sempre fez jus ao seu nome de detetive. O Sherlock que subia nas muretas e enfiava o fuço nos encanamentos. O Sherlock que era o meu sósia canino: - Cabeludo! O cachorro mais querido do mundo. Anjo! Sherloque! Eu te amo, lindão. Meu coração. Tudo ficou silencioso sem você.
domingo, 21 de abril de 2024
Sherlock (2009 - 2024)
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
Educação
Assim como os livros fáceis não são porta de entrada para os livros difíceis, nem os filmes fáceis porta de entrada para os filmes difíceis, pois tudo o que é difícil exige educação por parte dos leitores e consumidores, os jogos contemporâneos não são porta de entrada para os jogos de outrora, que rodam em máquinas obsoletas e trazem mecânicas que, via de regra, foram aperfeiçoadas com o passar dos anos. Os jogos antigos são como as obras antigas oriundas de outras mídias, de outras linguagens. Eles também exigem educação.
É fundamental que as gerações futuras sejam educadas quanto às formas de se jogar jogos antigos para que esses jogos possam ser preservados. Jogos antigos, em suas edições originais. Enquanto que remakes podem trazer públicos novos a conceitos ultrapassados, ainda assim há uma distância entre eles e os originais. Remakes são sempre releituras, obras adaptadas às sensibilidades de seu próprio tempo. Os originais carregam outras bagagens: contam uma outra história, retratam uma outra cultura, desnudam uma outra sociedade, ensinam uma outra etapa evolutiva da ludologia.
Sim, é difícil convencer alguém acostumado às mordomias dos smartphones a se adaptar aos loadings e disquetes de um TK ou de um MSX. É difícil ensinar alguém acostumado a baixar jogos num instante a instalar manualmente um Prince of Persia ou um Caesar no sistema operacional DOS. É difícil explicar para alguém acostumado a ver setas apontando o caminho o tempo todo que, no The Bard's Tale, ele não só tem que achar o caminho por conta própria, como deverá desenhar seu próprio mapa em papel quadriculado para realizar tal feito.
Tudo isso é difícil. Exige treino, esforço, muita boa vontade... Enfim, exige educação. Mas tudo isso também pode ser satisfatório, pois exercita o cérebro de maneiras diferentes, e, consequentemente, estimulantes. E tudo isso também pode ser revelador, pois dá acesso não só aos caminhos trilhados, como também aos que não foram trilhados pelos editores, designers, programadores e jogadores que compuseram os ecossistemas criativos posteriores. Sempre que pudermos, e o próximo estiver disposto a aceitar, eduquemo-lo quanto ao passado dos jogos. Nós estaremos abrindo para ele uma janela com vista a outros patamares de interação e diversão, e abrindo portas para o futuro dos videogames. Não há futuro sem passado, não há passado sem educação.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2024
terça-feira, 2 de janeiro de 2024
Em 2023...
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
Feliz 2024!
Que nunca nos faltem as palavras, as boas palavras, e as belas igualmente. Para ouvir ou para compartilhar. Que elas venham, nas vozes daqueles que mais prezamos, e estejamos sempre aptos a aceitá-las. Que elas saiam, fáceis ou difíceis, mas que saiam, e levem embora, nas ondas de sua música, qualquer peso que carreguemos, voluntária ou involuntariamente, sobre nossos ombros cansados.
domingo, 31 de dezembro de 2023
Número 100
Esta é a centésima postagem neste blog. Tudo bem, ele fica bastante tempo parado, mas nunca cogitei, nem cogito, parar de escrever por aqui. Muito pelo contrário, pois como dizia minha primeira postagem feita lááááá atrás, Dolmexica é o coração. No caso, o meu coração. Então, tudo o que for pessoal demais para as redes sociais continuará vindo pra cá. Além disso, estou ficando cada vez mais velho, e, consequentemente, cheio de manias. E o blog é mais uma destas manias que adoro preservar. Não vou prometer escrever mais, nem menos, daqui para a frente. Só prometo - para quem hoje é o principal público-alvo do que escrevo, eu mesmo - só prometo que Dolmexica continuará por aqui, e ele continuará recebendo coisa nova enquanto eu viver ou enquanto o Blogger existir. Leve o tempo que levar, mas que venham a ducentésima, a tricentésima e a milésima postagens! A gente chega lá!
domingo, 10 de setembro de 2023
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
Explicando o prêmio "Board Game do Ano":
Diferentemente do prêmio "Game do Ano", que é mais uma maneira de reforçar minha memória futura quanto a bons momentos vividos com um videogame do que uma premiação por méritos técnicos ou artísticos propriamente dita (mas se merece ser lembrado, com certeza o jogo não carece de tais méritos!), o prêmio "Board Game do Ano" concedido pelo blog Dolmexica tem natureza menos emotiva.
Para conquistar tamanha honraria (se cuida, Spiel des Jahres!), o board game, avaliado segundo o tema e a mecânica e como eles se relacionam e entregam a experiência mais adequada ao público-alvo do jogo, deve ser a primeira edição de um lançamento nacional, ou seja, um produto brasileiro inédito, ou uma tradução inédita de um jogo estrangeiro. Jogos parcialmente traduzidos não competem. Todos os tipos de jogos de mesa competem: tabuleiro, cartas, RPGs, wargames. Não importa qual tenha sido o canal pelo qual o jogo foi lançado: jogos lançados através de lojas de brinquedo, livrarias, pela internet, pelo Catarse, print & play, todos competem. Resumindo, o "Board Game do Ano" realmente é o board game do ano. É o lançamento mais impressionante e divertido - aquele que passará menos tempo ocioso nas gavetas dos jogadores e dos colecionadores.