terça-feira, 7 de outubro de 2025

Pilares

Avós são uma instituição poderosa. Todo mundo adora contrariar os pais, mas quem é que contraria os avós? Apenas vilões do tipo que joga lixo na praia, ou do tipo que não gosta de filhotinhos de cachorro, ou ainda do tipo que diz que Pac-Man é um jogo ruim. Enfim, apenas pessoas que não têm alma, nem coração. Meus quatro avós foram muito especiais para mim, cada um à sua maneira. Da minha profissão aos meus gostos artísticos, das minhas roupas ao meu jeito de enxergar o mundo, há pouquíssima coisa em mim que não tenha forte influência de pelo menos um dos quatro. E, além da personalidade, há as memórias: ouvir a vó Clóris dizer que eu devia participar do Show do Milhão, ou correr para o vô Edevar para discutir o último episódio do Tintin. Fugir do vô Alexandre para ele não fazer cócegas com a barba, ou falar tchau para a vó Maria sabendo que ela não ia deixar eu ir embora. Meus avós são tesouros que já partiram, mas que continuarão sendo os mapas em direção a eles mesmos, todos os X marcados sobre o infinito.

domingo, 14 de setembro de 2025

Uma Década de Saudades

Dez anos sem esta família linda. Larinha e a mamãe Neneza partiram em 2015, e Sherlockinho partiu ano passado. Extremamente inteligentes e companheiros, farão falta para sempre.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Cave Story, agora sim detonado!

   Muitas e muitas eras se passaram enquanto Ballos esperava por alguém que pudesse enfrentar seu poder mágico, descontrolado e mortal... Mais precisamente, foram um pouco mais de quinze anos. Este é o tempo que levei para retornar a este clássico inigualável e, desta vez, vivenciar o melhor final do game, impedindo que a ilha flutuante despenque e completando minha missão: destruir a Coroa Demoníaca e sua fonte de poder, o mago ensandecido Ballos.


    Devo este triunfo a meu filho, que me fez enfrentar não só Cave Story, mas muitos outros marcos bidimensionais do universo indie: Knytt, Knytt Stories, Within a Deep Forest, L'Abbaye des Morts e Ikachan. Graças a ele, deixei a preguiça de lado, enfrentei o medo de não estar à altura do Mateus de quinze anos atrás, e mandei ver. Mãos formigando ao fim da última batalha, a incredulidade e o sorriso no rosto por ter terminado a dificílima última fase em apenas três tentativas, e lá vem o final, Curly e mimigas vivos, os meus erros de outrora corrigidos, e a certeza de que sou um gamer ainda mais habilidoso agora do que quando iniciei este blog. Obrigado, Eduardo!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

... Conversa vem.

Rever os amigos e retomar velhas conversas é muito bom. Mas, quando os amigos são muito antigos, e a última conversa foi há muito tempo, talvez existam alguns estranhamentos. A gente percebe que eles são os mesmos em muitos aspectos, mas também entende que eles estão mudados em tantos outros. Com o primeiro amigo, os assuntos são os mesmos, mas as palavras dele estão cansadas, ou radicalizadas. Com o segundo, os assuntos parecem ser os mesmos, mas fica óbvio que os pontos de vista já não casam com os seus como outrora combinavam. Com o terceiro, há mais nostalgia do que conteúdo, tamanha a distância que formou-se entre as duas realidades, a sua e a dele. Rever amigos assim é simultaneamente prazeroso e inquietante. Duas janelas: passado colorido, futuro nebuloso. Mas isto é ruim? É comum amizades terminarem depois destes reencontros. O que é um erro. Afinal, proporcionam chance rara para os velhos amigos conhecerem pela primeira vez, outra vez, pessoas que foram importantes em suas vidas. Ato difícil, mas enriquecedor. Dentre os diversos tipos de bênçãos que vêm disfarçadas, (re)conhecer um novo velho camarada é uma das mais construtivas.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Conversa vai...

Em 2024, casei-me. E, dentre todas as coisas boas do casamento, uma pela qual não esperava: continuar as conversas com os velhos amigos, pausadas há décadas. Jô Soares estava certo quando dizia que amigo é aquela pessoa que, quando você vê, reinicia a última conversa exatamente do ponto onde ela parou, tenha ela parado há dez, vinte ou cinquenta anos atrás. Sim, Leandro, a Marvel só tem isso para entregar. Não, Jorge, eu ainda não sou um bom jogador de futebol virtual. Claro, Ivan, claro que ainda amo os Comandos em Ação... Por fim, a noite acabou. Noites têm prazo de validade. Um alívio lembrar que as conversas com os amigos não. A gente continuou, a gente continua, a gente continuará elas depois.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

2025 chegou...

   ... e, considerando que meus amigos e eu já somos ou estamos muito perto de nos tornarmos quarentões, desejo a nós todos um ano totalmente livre de Dorflex, Cataflan, Dipirona e afins.

Enfim, um feliz e indolor 2025!

domingo, 21 de abril de 2024

Sherlock (2009 - 2024)

O Sherlock que nasceu no meu quarto, atrás da minha cama. O Sherlock que era o queridinho da sua mamãe biológica. O Sherlock que abria as portas com a patinha. O Sherlock que fazia fila para o banheiro. O Sherlock que andava a cidade inteira. O Sherlock que esperava a Julie em cada esquina. O Sherlock que latiu para a vaquinha. O Sherlock que raspava as paredes para deitar na poeira. O Sherlock que chamava para passear esfregando sua bundona no banco do computador: - A bundona! O Sherlock que latia para ir pra varanda, que latia para voltar da varanda. O Sherlock que era colírio para os olhos da garotada. O Sherlock que foi fiel escudeiro da sua mamãe adotiva. O Sherlock que comia a ração ruim quando me via. O Sherlock que disputava com o Eduardo a atenção na hora da brincadeira. O Sherlock que sempre fez jus ao seu nome de detetive. O Sherlock que subia nas muretas e enfiava o fuço nos encanamentos. O Sherlock que era o meu sósia canino: - Cabeludo! O cachorro mais querido do mundo. Anjo! Sherloque! Eu te amo, lindão. Meu coração. Tudo ficou silencioso sem você.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024