Os atentados de 11 de setembro de 2001 e a consequente onda de histeria racista que devorou os Estados Unidos trouxe inspiração a Hollywood. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, por exemplo, inicia-se numa nação em crise moral, onde todos são suspeitos e seu vizinho pode tornar-se a qualquer momento seu inimigo (pena que o filme desanda depois do início inspirado). A Vila, de M. Night Shyamalan, é outro exemplo: pessoas isoladas numa cidade para se protegerem de seres estranhos e destruidores (e estrangeiros) que ameaçam devorar criancinhas (exatamente a mesma coisa que faziam os russos na década de 1950 revisitada pelo professor Jones).
O Cavaleiro das Trevas traz um Coringa terrorista colocando Gotham City sob estado de pânico. Seus objetivos não são claros. Ele ataca, sem distinção, máfia e polícia, bem como cidadãos comuns. No início vemos Gotham segura e protegida, criminosos com medo, mas o avanço da narrativa transforma ordem em caos. Os cavaleiros da cidade negra se corrompem, vilões e heróis se confundem, e o que está em jogo é algo muito maior do que tudo isso, maior que a cidade e que as personagens que a compõem: é a alma de um povo. O que vale, afinal, quando os seus já tombaram e ideais tornam-se confusos? Até que ponto fé e liberdade conseguem se misturar? As pessoas valem mais que os símbolos que as resguardam? Ou elas são tais símbolos?
O filme é o segundo da série (trilogia?) do morcegão dirigida por Christopher Nolan. Batman Begins era aquecimento. É aqui que começa a guerra de Bruce Wayne. E a primeira baixa, em qualquer guerra, é a verdade. Onde reside o heroísmo quando morre a verdade?
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