sábado, 7 de junho de 2014

Crepúsculo Vespertino

 
Ah, o crepúsculo vespertino... A tristeza de tantos. As tristezas, no plural. Porque com ele vêm à tona a lembrança da noite, a lembrança do escuro, a lembrança do fim, a lembrança do que deu certo, e muito mais a lembrança do que não deu certo.
Nem a consciência da chegada das estrelas, metáforas falhas de esperança, pode amenizar a dor deste parto, o mais doloroso dos partos. O parto do parto. ...Do verbo partir. Uma partida que só deixa memórias, nas quais não sabemos confiar, e que irão conosco, com nossa noite, com nosso escuro, com nosso fim, ao... Para onde?
Se ao menos os sonhos fossem mais concretos, talvez este crepúsculo fosse mais animador. Se eles fossem palpáveis... Mas confiamos tanto neles quanto confiamos nas memórias. Não são feitos da mesma matéria, afinal?
Vá embora, crepúsculo. Vá, noite. Vão, estrelas. Vão sonhos. Vão fins e momentos. Vão com vocês. Ninguém me dá carona nesta hora. Quem tem pressa? Aonde leva o crepúsculo? Esta carona eu não quero mesmo, obrigado. Obrigado a continuar.
Um dia, amanhã, eu caminho. E vou parar em lugar nenhum, e aí está. Eis o nosso tormento, dos homens e do Sol. É girar, e girar, e girar, e girar, e terminar no mesmo crepúsculo, que nos deixa tristes e sedentos para ficarmos tristes novamente. Estar triste é estar estrela, na noite dos sonhos que não são verdade. Ah, o crepúsculo vespertino...

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